REFRATÁRIO / ENTRE A PEDRA E O FOGO
Refratário
O fígado processa os psicotrópicos em vão,
mas o organismo refratário rejeita a solução.
Os remédios não têm tempo de fazer efeito,
antes que a química aja, a crise volta sem jeito.
A águia de Prometeu devora o órgão que metaboliza,
regenera à noite inteira, mas a dor se eterniza.
Cada comprimido a pedra de Sísifo que rola de novo,
acorrentado à rocha, o ciclo recomeça sem alívio.
A farmacologia falha onde a fisiologia resiste,
como o castigo dos deuses, o alívio não existe.
Entre a águia e a pedra, resistir é perder-se cativo.
EDU LAZARO
Entre a Pedra e o Fogo
O agressor agride a si mesmo em sua ignorância,
destrói com as mãos os vínculos, perde a confiança.
A tempestade que o habita não explica o tormento,
quando a fúria o invade, queima tudo num momento.
Nada anula o amor que ele destruiu sem querer,
mas o coração insiste: ama na ruína do viver.
Como Prometeu tem o fígado devorado todo dia,
regenera à noite inteira só pra sofrer na agonia.
Como Sísifo empurra a pedra que rola de volta,
recomeça o impossível, a paz que se revolta.
No centro resta o paradoxo de um coração que ama
nas mesmas mãos tomadas pela chama.
EDU LAZARO
Para ler o artigo científico que inspirou essa poesia, de minha autoria, como colaborador e membro do site Psiconsultório: https://psiconsultorio.com.br/artigo/inocencia-moral-e-culpa-biologica-a-defesa-tecnica-de-quem-agride-por-colapso-e-se-arrepende-com-dor


