O Fantasma do Eu Ideal
Vaga ao meu lado o vulto do eu oculto, emaranhado, febril, com o andar torto. O espelho estilhaça a reflexão falha, naufrágio e náufrago da insistência do real. Nele grita o erro que ouso confessar, e o cansaço disfarça o que ela evita olhar. Sou meu tirano mudo rasgando minha vida, um papel tragicômico em cartaz desbotado. Onde a mente cede, cedem as promessas: produtividade, controle, estabilidade, uma performance venenosa de adoecer. Há beleza sincera, sim, mas é tela e aparência. Atesta o amargor de apagar às três da manhã, o preço da luz azul que entorta a fala da resposta certa. Jaz o ideal morto para que o ser real se revele. A ansiedade derrotou o poeta; sobraram palavras. Perdemo-nos entre faltas e medicações. Arrependida por si. Falho por nós. Vago a sós. EDU LAZARO


