NO LIMIAR DO AZUL
Este azul não é o céu, é a chama que esfria,
é rosa digital, sob um túmulo irreal,
é a cor da apatia quando o corpo esvazia
mas ainda respira, vazio e pontual.
O coração dispara mas o corpo não sente,
na falha do ar a chama é azulada do gás a acabar.
Te largaram no zero e tudo desaparece:
livre do peso deles, mas sem chão pra pisar.
No azul do limiar o fogo queima baixo,
lento demais pra aquecer, só arde a agonia.
A vida persiste mas não me encaixo,
ninguém quer ser testemunha de quem se esvazia.
EDU LAZARO


