A última Elegia

Te espero onde nunca chegaremos.
O vento lê em resposta à minha dor
as palavras que você nunca enviou.

Eu disse demais e de menos,
meu corpo, sem alma, ficou.
Que jeito tem pro que não deu?

A casa é ausência decidida,
o relógio teima a mesma hora todo dia,
mas a sua chave não mais gira,
foi porta de saída.
Os bilhetes de amor, molhados,
desfizeram a escrita;
nelas estou,
é só chuva que choro despedidas.
Espero o dia em que o silêncio
não seja falta, mas aconchego em memória.
Até lá, permaneço onde nunca chegaremos,
falando baixo a um amanhecer
que nunca acordará um dia comigo.
EDU LAZARO

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